ROSSANA APPOLLONI
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PSICOTERAPIA
O QUE É A PSICOTERAPIA

‘O maior benefício da ajuda terapêutica é o ato de nos revelarmos na nossa inteireza a outro ser humano e sentirmo-nos incondicionalmente aceites.’ Irvin Yalom

 

Há fases da nossa vida em que nos sentimos confusos, perdidos, desorientados, angustiados, tristes, sem saber que caminhos percorrer. Queremos cuidar da nossa inquietação mais íntima, mas nem sabemos como e, muitas vezes, as pessoas mais próximas são precisamente as que despertam em nós sentimentos intensos e contraditórios.

 

É condição do ser humano viver períodos de tensão que perturbam o equilíbrio psicológico e afetam o nosso bem-estar. A psicoterapia é um processo através do qual somos acompanhados numa exploração das dinâmicas interiores que criam entorpecimento na nossa vida. Nesta descoberta da construção e do funcionamento do nosso Ser, somos estimulados a expressar os conteúdos do nosso mundo interno para que, num lugar seguro como é o espaço terapêutico, possamos encontrar o nosso verdadeiro Self, resgatar a nossa autonomia, a nossa autoconfiança, a nossa autoestima, o nosso amor próprio, reconectar com a nossa alma e reanimar as relações à nossa volta.

 

As nossas feridas emocionais surgem desde cedo na relação com as pessoas com quem interagimos, pelo que também é na relação que encontram a possibilidade de serem vistas, cuidadas e sanadas. A relação terapêutica, através das qualidades de aceitação, empatia e confiança, oferece um campo muito único e especial para que o processo de transformação tenha início. É uma caminhada a dois por trilhos interiores que, quando desbravados, vão dar a lugares de amor, liberdade e descanso.

 

O campo da psicoterapia apresenta várias abordagens e várias áreas de especialização. As minhas preferências vão para a psicoterapia somática e a psicoterapia transpessoal e, apesar de trabalhar vários temas relacionados com a existência humana, aqueles onde me tenho especializado são o trauma e as adições.

 

 

 

 

 

A etimologia das palavras dá-nos a seguinte informação:

  • psico = psique = mente, alma
  • terapia = curar
  • somática = soma, corpo

 

Assim, a psicoterapia somática, ou psicoterapia corporal, reflete uma abordagem terapêutica que integra a relação entre as dinâmicas psíquicas e as repercussões na saúde física: pensamentos, emoções, sentimentos, comportamentos, crenças, ou seja, tudo o que diz respeito ao nosso funcionamento psíquico tem um impacto no nosso bem-estar. A psicoterapia somática, através da relação indissociável entre a mente e o corpo, explora como é que bloqueios emocionais desencadeiam bloqueios físicos, não só em termos de postura, tensões e padrões musculares, mas também em termos de sintomatologias diversificadas.

 

O avanço da neurociência ajuda-nos a compreender que tudo o que vivenciamos tem consequências sobre o nosso sistema nervoso e este, por sua vez, comunica com os nossos órgãos com a mesma qualidade com que emocionalmente vivemos as experiências da vida. Assim, através do corpo, conseguimos aceder a conteúdos do nosso inconsciente, onde estão alojadas todas as informações necessárias para o desbloqueio de determinada tensão; por outro lado, o corpo é igualmente um meio através do qual é possível trabalhar novos estímulos para que sejam criados novos circuitos neuronais e, consequentemente, padrões de pensamento e comportamento mais expansivos.

 

A psicoterapia somática recorre a técnicas de mindfulness, consciência corporal, respiração e outras ferramentas para um maior contacto com as nossas tensões e com os nossos recursos de forma a reajustar a desorganização do sistema nervoso. É no corpo que sentimos a dor e o desconforto, pelo que é através do corpo que existe a possibilidade de restabelecer o equilíbrio.

 

Os Sete Princípios da Sabedoria Corporal*:

  • O corpo responde ao ambiente externo com contrações, bloqueios, tensões musculares e adquire padrões nocivos quando se sente stressado e ameaçado emocional ou fisicamente;
  • O corpo vai buscar sentimentos, sensações e memórias implícitas perante determinados estímulos que o deixam vulnerável e emocionalmente afetado;
  • O corpo, tal como o cérebro, é flexível e está sempre em mudança;
  • A experiência corporal é transitória e não dura para sempre;
  • O corpo tem a capacidade de reparação e transformação a qualquer momento;
  • Para o corpo manifestar a sua sabedoria precisa de ser tratado com gentileza, curiosidade e paciência;
  • O corpo é o lugar mais importante para a cura e para a transformação.

* Manuela Mischke-Reeds

 

 

 

 

 

‘Não somos seres humanos a viver uma vida espiritual, mas sim seres espirituais a viver uma experiência humana.’ Teilhard de Chardin

 

O ser humano vive através das dimensões da mente, do corpo e da alma. Numa abordagem holística, estas três dimensões são vistas em sinergia umas com as outras. Todas se influenciam e se potenciam. Na psicoterapia corporal a atenção foca-se em como os padrões emocionais se refletem no funcionamento do corpo e em como, a partir do corpo, construímos um Self saudável e estruturado. A psicoterapia transpessoal acrescenta um olhar para a dimensão espiritual da nossa existência, indispensável para ressignificar e reenquadrar a experiência humana.

 

Transpessoal é o que se estende para além do pessoal, do individual, e se conecta com algo que o transcende, quer seja valores humanos de comunhão entre todos os seres, quer seja um sentimento de beleza, amor, liberdade, quietude, evolução que se estende para além da vida mundana da família e do meio sociocultural onde estamos inseridos. Muitas vezes, é esta dimensão que traz um significado aos desafios com que nos deparamos e nos ajuda a contemplar horizontes de vida mais amplos.

 

 

 

 

 

‘O trauma não está no evento, mas sim no sistema nervoso.’ Peter Levine

 

Há eventos traumáticos, mas nem todos reagimos da mesma maneira e nem todos ficamos com as mesmas sequelas. O trauma é uma ferida que surge no nosso sistema nervoso, na sequência de um evento pontual (trauma de choque) ou de uma sucessão de situações dolorosas (trauma de desenvolvimento) que provoca uma sintomatologia de foro emocional e corporal.  O trauma incapacita-nos de ter relações humanas saudáveis e de nos sentirmos seguros no nosso próprio corpo.

 

Trabalhar o trauma implica trabalhar o sistema nervoso através de técnicas corporais que visam a aprendizagem de uma regulação individual e com os outros. O objetivo é reorganizar a fisiologia, restaurar a autoconfiança e resgatar a conexão connosco próprios e com os demais com vista à libertação do aprisionamento interno em que vivemos.

 

 

 

 

 

‘O oposto da adição não é a abstinência. O oposto da adição é a conexão.’ Johann Hari

 

A adição define-se por qualquer comportamento repetitivo, relacionado com uma substância, ou não, no qual persistimos independentemente das consequências negativas que tem na nossa vida e na vida dos que nos rodeiam. A dependência a uma substância, ou a um comportamento, tem como finalidade alcançar uma sensação de alívio. Se, por um lado, o efeito imediato no sistema nervoso é conseguido, por outro, o resultado é dramático.

 

Todos nós temos as nossas adições, tal como todos nós temos os nossos traumas. A adição é um dos mecanismos que encontramos para lidar com as dores intoleráveis que os traumas provocam. As dependências encurralam-nos num beco sem saída e contribuem para a destruição do nosso Ser em todas as suas dimensões, mas o desejo de libertação pode impulsionar um processo de transformação muito profundo.

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